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2012 - Livro Vermelho 2013

Canistrum aurantiacum E.Morren EN

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 04-04-2012

Criterio: C2a(i)

Avaliador: Miguel d'Avila de Moraes

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Canistrum aurantiacum é endêmica do Brasil e ocorre exclusivamente na Região Nordeste do país. Atualmente tem 20 subpopulações conhecidas, distribuídas nos Estados de Pernambuco e Alagoas. A espécie ocupa uma AOO de apenas 164 km². A região de ocorrência sofre com o desmatamento e a fragmentação. Situações de risco poderão levar a extinções locais. Além disso, estimativas populacionais apontam que há cerca de 50 indivíduos em cada subpopulação, resultando em um total de 1.000 indivíduos. Por essas razões, a espécie foi classificada como "Em perigo" (EN).

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Canistrum aurantiacum E.Morren;

Família: Bromeliaceae

Sinônimos:

  • > Aechmea aurantiaca ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Espécie descrita originalmente na obra Belg. Hortic. 23: 257. (1873) por E. Morren, (Martinelli et al.,2008), C. aurantiacum foi assim nomeado como uma referência a coloração das brácteas florais e da cor laranja das pétalas. A espécie é muito típica, apresentando o porte mais avantajado do gênero e a que apresenta inflorescência mais robusta e compacta. Dentre as características que merecem destaque estão os grãos de pólen multiporados, contrastando com o pólen biporado das demais espécies do gênero. Este fato sugere que esta bromélia tenha posição taxonômica fronteiriça em relação ao gênero Aechmea, na qual Baker (1879), a posicionou. A espécie morfologicamente mais próxima a C. aurantiacum é C. camacaense, diferindo-se desta principalmente pelas lâminas foliares não estreitadas em direção à base, escapo floral muito mais longo , flores maiores, sépalas mais largas e apresentando muco apical bem menor (Leme, 1997). Siqueira Filho; Leme (2006) sugerem afinidade morfológica de C. aurantiacum com C. alagoanum.

Dados populacionais

A espécie possuí 20 subpopulações conhecidas em fragmentos florestais nos Estados de Pernambuco e Alagoas (Biodiversitas, 2005). A subpopulação que teve seu número de indivíduos amostrados foi a estudada por Siqueira Filho; Machado (2001), com 37 indivíduos (Reserva Ecológica de Dois Irmãos(REDI) - região metropolitana do Recife, Pernambuco).

Distribuição

A espécie é endêmica do Brasil, ocorrendo exclusivamente nos Estados de Pernambuco e Alagoas (Leme, 1997; Martinelli et al., 2008; Forzza et al., 2012). A espécie foi registrada desde o nível do mar até cerca de 900 m de altitude (Leme, 1997). É considerada "Rara", de acordo com os critérios de raridade adotados por Wanderley et al. (2009). Representa um endemismo da escassa Mata Atlântica Nordestina e também dos brejos de altitude, enclaves de florestas úmidas existentes no coração do semi-árido nordestino (Leme, 1997).

Ecologia

Planta herbácea ou arbustiva (Ferraz; Rodal, 2008) terrestre ou epífita (Leme, 1997; Wanderley et al., 2009), é auto-compatível, formando frutos tanto em testes de autopolinização espontânea como em autopolinização manual (Siqueira Filho; Machado, 2001). Foi registrada com flores no final de outubro, com pico de floração ocorrendo em dezembro, embora alguns poucos indivíduos floresçam ainda em janeiro e fevereiro (Siqueira Filho; Machado, 2001). Ocorre em Florestas Ombrófilas Densas, Florestas Estacionais Semideciduais e Restingas (Martinelli et al., 2009). A espécie foi encontrada na floresta atlântica litorânea nordestina e nos brejos de altitude, enclaves de florestas úmidas no semi-árido dos Estados do Nordeste (Leme 1997; Siqueira Filho ; Machado 2001) associadas ao bioma da Mata Atlântica (Leme, 1997; Martinelli et al., 2008; 2009; Forzza et al., 2012). Apresenta síndrome de polinização ornitófila, tendo seus frutos dispersos por aves.

Ameaças

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes A espécie sofre com alterações no uso/ manejo do substrato, degradação e consequente perda de habitat em sua área de ocorrência (Biodiversitas, 2005). Embora os brejos de altitude sejam importantes para a manutenção dos mananciais hídricos que abastecem várias cidades e considerando a estimativa da área coberta pelos mesmos (ver Vasconcelos Sobrinho 1971), apenas 0,54% da área está protegido por unidades de conservação (SNUC) em diferentes categorias. A alta representatividade das Bromeliaceae nestes ambientes e a ocorrência de espécies ameaçadas e raras sugere que os brejos de altitude atuam como ilhas de biodiversidade, cujos remanescentes ainda protegem uma grande diversidade de espécies de Bromeliaceae. Se o processo de devastação sistemática dos brejos continuar, teremos, no futuro, uma flora bromelícola dominada por espécies de grande porte, resistentesao fogo, heliófilas e autocompatíveis. (Siqueira Filho, 2004; Siqueira Filho; Leme 2006). As subpopulações remanescentes nos brejos de altitude têm diminuído com o extrativismo até o quase completo desaparecimento de algumas espécies (Siqueira Filho, com. pess.).

Ações de conservação

4.4 Protected areas
Situação: on going
Observações: A espécie foi registrada Reserva Biológica de Saltinho (Tamandaré), Reserva Ecológica de Brejo dos Cavalos (Caruaru) e Mata da Serra do Quengo (Jaqueira), todas localizadas em áreas de Floresta Atlântica no Estado de Pernambuco. Estação Ecológica Murici, Serra do Ouro (Murici, AL) .

4.3 Corridors
Situação: on going
Observações: A espécie foi registrada dentro dos limites do Corredor de Biodiversidade Nordeste da Mata Atlântica (Martinelli et al., 2008).

1.2.1.2 National level
Situação: on going
Observações: A espécie consta no Anexo II da Instrução Normativa nº 6, de 23 de setembro de 2008 (MMA, 2008), sendo considerada portanto, "Deficiente de dados" (DD).

5.7 Ex situ conservation actions
Situação: on going
Observações: A espécie é amplamente cultivada (Biodiversitas, 2005).

Usos

Referências

- LEME, E.M.C. Canistrum - Bromélias da Mata Atlântica. Editora Salamandra, 1997.

- VASCONCELOS-SOBRINHO,J. As regiões naturais do Nordeste, o meio e a civilização., Conselho de Desenvolvimento de Pernambuco, Recife, 1971.

- FERRAZ, E.M.N.; RODAL, M.J.N. Floristic characterization of a remnant ombrophilous montane forest at São Vicente Férrer, Pernambuco, Brazil. Memoirs of The New York Botanical Garden, n. 100, p. 468-510, 2008.

- FORZZA, R.C. ET AL. Bromeliaceae. In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB000066>.

- LEME, E.M. Comunicação do especialista Elton M. Leme, especialista na família Bromeliaceae, para o analista de dados Eduardo Fernandez, Pesquisador do CNCFlora, 2012.

- SIQUEIRA FILHO, J.A. IN: BREJOS DE ALTITUDE EM PERNAMBUCO E PARAíBA: HISTóRIA NATURAL, ECOLOGIA E. As Bromélias nos Brejos de Altitude em Pernambuco: Riqueza de Espécies e Status de Conservação, Brasília, DF, Ministério do Meio Ambiente, p.324, 2004.

- SIQUEIRA FILHO, J.A.; MACHADO, I.C.S. Biologia reprodutiva de Canistrum aurantiacum E. Morren (Bromeliaceae) em remanescentes da Floresta Atlântica, Nordeste do Brasil. Acta botanica brasilica, v. 15, n. 3, p. 427-443, 2001.

- MARTINELLI, G.; VIEIRA, C. M.; GONZÁLEZ, M. ET AL. Bromeliaceae da Mata Atlântica Brasileira: Lista de Espécies, Distribuição e Conservação. Rodriguésia, v. 59, n. 1, 2008.

- MARTINELLI, G. ET ALSTEHMANN, J.R. ET AL. Bromeliacaee In: Plantas da Floresta Atlântica. 2009.

- SIQUEIRA FILHO, J.A.; LEME, E.M.C. Fragmentos da Mata Atlântica do Nordeste - Biodiversidade, Conservação e suas Bromélias. Andrea Jakobsson Estúdio, 2006. 360 p.

- BUZATO, S. Estudo comparativo de flores polinizadas por beija-flores em três comunidades da Mata Atlântica no Sudeste do Brasil. Tese de Doutorado. Campinas: Universidade Estadual de Campinas,, 1995.

- WANDERLEY, M.G.L. ET AL. Bromeliaceae. In: Plantas Raras do Brasil. 2009. 496 p.

- MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Instrução Normativa n. 6, de 23 de setembro de 2008. Espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção e com deficiência de dados, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 24 set. 2008. Seção 1, p.75-83, 2008.

- FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS. Revisão da lista da flora brasileira ameaçada de extinção. Belo Horizonte, MG: FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS PARA A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA, 2005.

Como citar

CNCFlora. Canistrum aurantiacum in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Canistrum aurantiacum>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 04/04/2012 - 19:37:41